segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Ausência

Desatei a correr.
No princípio pensei que fosse para fugir da chuva que caía grave e pesada.
Mas, rapidamente, percebi que fugia não da chuva, fugia do mundo, fugia de ti.
A saudade é impiedosa e o tempo, ah… o tempo não é generoso.
Subi a escada com a mesma pressa exagerada com que costumava correr para te abraçar depois do trabalho.
Naquela altura não havia cansaço, era toda uma sede de beijos e abraços.
Hoje, entrei de rastros como se as pernas fossem dois pêndulos mortos e gastos.
E quando a porta bateu atrás de mim, um silêncio ensurdecedor ecoou por toda a casa.
E agora este sabor a vazio putrefacto que se instalou em todas as partes de mim.
Hoje, quando a porta bateu e a chave caiu no chão,
Sim,
Quando a porta bateu, o que bateu realmente foi esta solidão.

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