terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Saio fechando a porta atrás de mim

Saio fechando a porta atrás de mim. Chamo o elevador, o único acesso à garagem. Um mal necessário. Na pressa reparo que me esqueci do amuleto. Não é nenhuma pata de coelho, apenas um gasto berlinde sem brilho, dos tempos de criança. Talvez tenha sido melhor não o ter trazido, pensando bem, nunca me deu assim tanta sorte.

Saio do elevador para uma sombria garagem, devem todos ter saído, apenas vejo o carro do vizinho do ultimo andar e o meu. Tenho o mesmo carro desde que comecei a conduzir. Não está tão velho quanto isso, tirei a carta de condução mais tarde que o normal, e além disso conservo-o muito bem. Para o emprego vou de metro, por isso só o uso ao fim-de-semana.

Sento-me atrás do volante, rodo as chaves e tenho que esperar. O motor tem de aquecer e eu ainda à espera...

Disseram-me ao telefone que chegava dentro de uma hora um avião de Paris. Será que vens nele? Será que virás ao menos hoje?

Tiro do bolso da camisa, a impressão do teu email:

"Assunto: Olá!
Data: 2015-02-06
Remetente: serendipity@yourmail.com

Chego dia 10! :)

Podes-me ir buscar ao aeroporto?

Era bom ver-te de novo.

Jokinhas!"

Tiro um cigarro do maço, carrego no botão do isqueiro do carro e continuo a aguardar que tudo aqueça...





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